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O MULATO
Aluísio de Azevedo
Nota Informativa
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu no Maranhão a 14 de abril de 1857, vindo a demonstrar muito cedo a vocação para as letras. Ainda jovem, lê muito, colabora nos jornais com versos e desenhos, ensina português. Aos 19 anos transfere-se para o Rio de Janeiro, onde seu irmão, Artur Azevedo, encontrava-se já cercado de grande êxito.
Aluísio Azevedo chega ao Rio com o propósito de se aperfeiçoar em desenho e pintura; trabalha como caricaturista para vários jornais; estuda durante um ano na Escola de Belas-Artes e luta com grande dificuldade na corte. Em 1879, com o falecimento do pai, retorna ao Maranhão. Entre 1880 e 1881, milita contra o clero e os jornais católicos na imprensa de São Luís – principalmente nos periódicos A Pacotilha e O Pensador. Esta militância de certa forma influenciará a escritura da obra O mulato.
Em O mulato, publicado no ano de 1881, Aluísio Azevedo deixa marcado, pela ambiência e cenário da obra, o preconceito racial maranhense, além de demonstrar os abusos eclesiásticos que se escondiam, como por salvo-conduto, na batina e na suposta santidade de um homem por ter-se tornado um padre. O fato de retratar as contradições e intolerâncias maranhenses explica por que a obra foi recebida de maneira entusiástica pela crítica literária na corte e nas províncias e renegada no Maranhão.
O mulato consagra também a escrita naturalista de Aluísio Azevedo, situando o autor como o maior representante deste estilo no Brasil. Pode-se dizer que a escrita naturalista impressa na obra inaugura uma nova fase para a literatura brasileira, libertando-a, como solução, dos impasses trazidos pelo Romantismo.
Ao ler o livro de Azevedo, exuberante pela crueza naturalista, pode-se “sentir” a dor desesperada de um homem cujo único desvio de caráter foi ter nascido mulato. Raimundo, homem culto e rico, formado na Europa e acostumado às liberdades e refinamentos que somente a vida instruída pode trazer, descobre, ao retornar à pátria, a impossibilidade de realizar uma paixão pelas amarras irremediáveis que as correntes sociais criaram diante da comprovação de sua ascendência negra: ele era filho de uma escrava! Raimundo tem, então, que suportar o peso da intolerância de uma sociedade em que o valor maior do ser humano era nascer branco... E nada do que fizesse ou alegasse faria mudar o preconceito entranhado naquelas pessoas. Diante de tão “irremediável” destino, resta ao autor entregar “seu” protagonista aos desígnios deterministas da marca naturalista...
O cotejo desta obra baseou-se nas edições de 1973, publicada pela Ediouro (Clássicos brasileiros) e de 1975, editada pela Livraria Martins Editora S. A., INL (Instituto Nacional do Livro).
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